Me estão crescendo asas
eu sei
o percebo porque sinto
nas minhas costas
uma brisa
e uma leve cócega
me faz sorrir
até o ponto
de mudar meu gesto
numa gargalhada
Me estão crescendo asas
pequeninas, mas são asas
as que eu precisava
para fazer um vôo curtinho
com isso me alcança
para tocar
com a ponta dos meus dedos
a tua cara
e saber que você está ai
que ainda não foi embora
e quando eu quiser
só devo voar
e alcançar-te.
Quém sabe se um dia
provarei teus beijos,
quém sabe se um dia
poderei tocar,
teu rosto tão doce,
tuas mãos tão minhas,
tua pele, teus olhos,
teu jeito de amar...
Quém sabe se um dia
ficaremos juntos
olhando as estrelas,
ouvindo o mar....
e num doce abraço
sentir bem juntinhos
a felicidade
de poder amar....
Foi mesmo a vida
quem me deixou longe
dos teus braços
dos teus beijos;
foi mesmo a vida
quem colocou perto
esse amor maluco,
esse amor incerto.
Então esqueci...
esqueci de tudo...
virei tão louquinho
que nem sei se amava,
que nem sei se via
que estava perdendo
teu amor, teu sorriso,
teu corpo, tuas mãos,
estava perdendo
você que era minha,
você a que eu tinha...
estava perdendo...
e agora só tenho
solidão,
saudade,
não tenho teu amor,
nem a casa, aquela
onde nos amamos,
nem esse amor louco
que quebrou minha alma...
perdi tudo...
mas não...não perdi
tua lembrança.
Quando acho que te esqueci
você aparece de novo
e meu coração brinca
e morro por ficar com você.
É que estou cheia de ontem,
cheia de teus beijos
cheia de nossos dias
e não posso te ver
nem te tocar,
nem sentir tuas mãos
que antes eram minhas.
Até que aparece outro
e me faz acreditar que já sou outra
Mas sou a mesma
a mesma que te amou
a mesma que ainda te ama
e por esquecer-te
vou morrendo pouco a pouco...
E revivo
e te esqueço
e te amo
e continuo sozinha te esperando
cheia de ontem, cheia de você,
E sou outra vez crisálida
no meus dias sem teus dias.
Embora esteja com outro,
ainda você esta em mim
e não te esqueço.
É tanto o amor que você está dando
Que eu sinto em cada fibra un movimento
Que gosta, não pesa,
E vai calmando minha sede
E você é minha agua e meu alimento..
Me deixa chorar que isto não é choro
É un risso que sai por gotinhas
Me estremeço e quero chorar sempre
Esta louca alegría que salpica.
Me deixa chorar que em minha boca
Você cheiou com beijos um vacio,
Não sei se de paixão estou tão louca
O talvez o amor tinha invadido.
E me sinto adolescente ,menina, anjo
E minhas asas se abrem num vôo,
Me deixa chorar que por meu sangue
Está passando o amor...e isso não dá dor.
Porque as palmas das maõs dos pretos são brancas, é uma coisa que eu sempre me perguntei.
Quando eu era pequenininha, minha mãe tinha uma empregada que chamávamos de Dodó. Ela era una boa mulher, preta como a noite, e seus cabelos e seus olhos aínda mais pretos, mas as palmas das suas maõs, brancas como a neve.
Éramos cinco irmãos e nossos pais trabalhavam muito para fazer de nós pessoas de bem, então, a Dodó, cuidava da gente o dia inteiro, fazia a comida e brincava con meus irmãos mais pequenos.
Uma noite, minha irmãzinha , a Clarice, tinha perdido a sua boneca pretinha e não a encontrava por nenhúm lugar. Dodó tentava calmá-la mas a Clarice chorava cada vez mais.
-Você tem outras bonecas, meu bem- falou a Dodó para ela- não chore por favor.
-Não - falou a Clarice- eu só quero minha boneca preta, só quero minha bonequinha preta.- E mais calma perguntou : - Dodó, porque minha boneca não tem as palmas das mãos brancas como você ?
-Porque minhas mãos foram feitas por Deus para acariciar as crianças boazinhas como você, e tanto, tanto acariciá-las todas as noites, minhas mãos foram ficando branquinhas...branquinhas...
E assim, a Clarice foi ficando adormecida enquanto as palmas brancas da Dodó tocavam a sua cabezinha.
À manhã seguinte, a Clarice acordou abraçada à sua boneca que curiosamente tinha as palmas das mãozinhas brancas como a neve.
Como farei
para esquecer teus beijos
se ainda fica no ar
suavemente
o odor de menta da tua boca...
como farei
se agora acordo
sem teu corpo junto ao meu
e estou tão louca.
Como farei
para esquecer
se já ñao posso
porque sinto a tua presença
em cada coisa,
em minha roupa
cheirar do teu perfume
e no meu corpo
um odor que me destroça,
que cheira a dor,
que cheira a pena,
que cheira
a carícias sem respostas...
Como farei
para esquecer que nos amamos
se ainda te amo
e a ferida
não se fecha.
